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Lama de barragens rompidas atinge zona rural de Mariana (MG)
Agropecuária | Publicada em 06/11/2015
A lama e a sujeira liberadas após o rompimento de duas barragens em Mariana (MG), na tarde de quinta-feira (5/11) atingiram a cidade de Barra Longa, distante 60 quilômetros do local da tragédia. O prefeito da cidade, Fernando Carneiro, disse que o município está completamente inundado e que pelo menos três povoados estão isolados.
Segundo ele, cerca de 50 casas localizadas na parte mais baixa da cidade foram danificadas depois que o rio Gualaxo do Sul transbordou. Na zona rural, uma residência foi completamente destruída. “A pessoa saiu de lá só com a roupa do corpo”, contou Fernando Carneiro. “Estamos sem acesso a três povoados porque perdemos três pontes e só se chega de helicóptero agora.”
Ainda de acordo com o prefeito, os moradores não esperavam que os estragos pudessem chegar até Barra Longa e foram surpreendidos pelo aumento repentino no nível do rio. “A última enchente que tivemos foi em 1979. Neste momento, não estava nem chovendo por aqui. Graças a Deus, parece que não tivemos vítimas”, disse.
Perdas
Por telefone, o comerciante Flávio Pereira, 65 anos, contou que a casa onde mora, na praça principal de Barra Longa, foi tomada pela lama e pela sujeira que desceram pelo rio. “Perdi todos os meus móveis. Quarto, copa, sala, tudo foi tomado por um barro vermelho, pedaços de madeira, bambuzal. Arrancou até porta de armário.”
A mulher e a filha dele deixaram a casa apenas com a roupa do corpo. A família, segundo ele, perdeu também sua principal fonte de renda – materiais para artesanato. “Perdemos tudo. Foi um prejuízo total, já que a cidade é muito pequena”, contou. “Não avisaram ninguém. Se tivessem avisado, eu tinha retirado meus bens. E dava tempo de terem avisado porque a lama chegou aqui de madrugada. Dava tempo de todo mundo sair.”
Regular
O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Sisema) informou nesta sexta-feira (6/11) que a Barragem do Fundão estava regular e foi inspecionada por um auditor especialista em segurança de barragens. “De acordo com o programa de auditoria de segurança de barragem da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), a Barragem do Fundão estava com estabilidade garantida pelo auditor. O último relatório foi apresentado em setembro de 2015”, informou o Sisema.
A Samarco teve a licença de operação concedida em 29 de outubro de 2013, com validade até 29 de outubro de 2019.
O Sisema – composto pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e Fundação Estadual de Meio Ambiente – informou, no entanto, que
para garantir a estabilidade é necessário que a empresa se responsabilize pela manutenção contínua da segurança. “Uma das exigências da Feam é que a auditoria seja realizada por um auditor especialista em segurança de barragem, que não pertença aos
quadros da empresa, no caso, a Samarco S.A.”
As barragens do Fundão e de Santarém, pertencentes à empresa, romperam por volta das 16h30 de quinta-feira (5/11) e inundaram a região com lama,rejeitos sólidos e água usados no processo de mineração. Barragens como essas são feitas para reter os resíduos sólidos e água dos processos de mineração. O rejeito é material que deve ser armazenado para proteção do meio ambiente.
Várias casas do distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23 quilômetros de Mariana, também foram alagadas e há riscos de desmoronamentos. Ainda não é possível confirmar as causas e a extensão do ocorrido. O Ministério Público de Minas Gerais instaurou inquérito para investigar as causas do acidente e responsabilidades no caso.
Fonte: Agência Brasil
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