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INDÚSTRIA: Déficit comercial no semestre é o menor desde 2008
Agropecuária | Publicada em 04/08/2017
Influenciado principalmente pelas exportações de veículos, o déficit da balança comercial na indústria de transformação caiu pela metade entre o primeiro semestre de 2016 e igual período deste ano, para US$ 1,249 bilhão. É o menor saldo negativo do setor desde 2008, destaca o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que fez os cálculos a partir dos dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). O levantamento foi divulgado com exclusividade ao Valor.
Superávit - Na mesma comparação, observa Júlio Gomes de Almeida, diretor do Iedi, a balança comercial total registrou superávit de US$ 36,216 bilhões, resultado recorde da série histórica, com início em 1989. "Temos um boom de commodities que foi responsável pela alta total da balança, ao mesmo tempo que a indústria de transformação está praticamente sem déficit. Essa combinação é rara", disse.
Diferença - Em 2012, quando a diferença entre compras e vendas externas foi positiva em US$ 34,898 bilhões, a indústria manufatureira terminou o ano com saldo negativo de US$ 27 bilhões, lembra o ex-secretário de Política Econômica. "A indústria pouco deficitária com superávit em commodities é uma 'dobradinha' ideal para a economia brasileira, porque afasta qualquer tipo de problema no balanço de pagamentos."
Recuo - O recuo do déficit comercial industrial ocorreu com alta tanto das exportações quanto das importações, dinâmica também considerada favorável pelo Iedi. De janeiro a junho, o valor importado pelo setor de transformação avançou 7,6% sobre igual período de 2016, para US$ 64,43 bilhões. Ao mesmo tempo, os embarques de produtos manufaturados aumentaram de US$ 57,12 bilhões para US$ 63,18 bilhões, expansão de 10,6%.
Desagregação - Em uma desagregação feita pelo Iedi com base em classificação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o segmento de média-baixa tecnologia foi o que registrou maior aumento nas importações no período, de 25,9%. É neste ramo em que estão os bens intermediários, ressalta Almeida, em sua maioria insumos que a indústria utiliza na produção. O aumento das compras externas nessa categoria é mais um sinal de que a atividade industrial está em trajetória de recuperação, diz o economista.
Média-alta tecnologia - Por outro lado, dentro do segmento de média-alta tecnologia - no qual as importações cresceram apenas 1,1% no primeiro semestre - as compras de máquinas e equipamentos mecânicos do exterior encolheram 18,6% no acumulado do primeiro semestre. O comportamento negativo reforça a dinâmica ruim dos investimentos, aponta Almeida.
Alta - Do lado das exportações, o destaque positivo foi setor de média-alta tecnologia, com avanço de 18,6% nas vendas externas. A alta foi puxada pelos embarques de veículos automotores, reboques e semirreboques, que avançou 36,2% no acumulado do ano, para US$ 7,5 bilhões.
Demanda interna - De acordo com o diretor do Iedi, os fabricantes de veículos reagiram ao enfraquecimento da demanda interna e ao patamar um pouco mais favorável do câmbio direcionando maior parte da produção ao mercado externo. Esse setor é capaz de reagir à redução do consumo doméstico porque está mais inserido nas cadeias globais de valor, afirmou Almeida. "Poucos setores são globalizados, como o de papel e celulose, a indústria de alimentos e o de aeronáutica. O ideal é que todos os setores fossem assim."
Primeira metade - Na primeira metade do ano, as exportações no segmento de alimentos, bebidas e tabaco subiram 9,6%, para US$ 18,9 bilhões. Já as de madeira e seus produtos, papel e celulose aumentaram 8,3%, para US$ 5,3 bilhões. As vendas externas da indústria aeronáutica e aeroespacial ficaram 5,2% maiores, ao avançarem para US$ 3,4 bilhões no período. Esse desempenho é relacionado à Embraer, que tem perfil exportador, observa Almeida.
Fonte: Paraná Cooperativo
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