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Preço do boi gordo tem maior queda da história em 12 meses, aponta Cepea
Agropecuária | Publicada em 03/07/2017
Para Crespolini, a média de preço para este mês —até terça-feira (27)— foi de R$ 128,89. Em igual período de 2016, o valor era de R$ 156,67.
O preço do bezerro também teve queda histórica. A comparação das médias mensais de junho de 2016 e deste mês mostrou recuo de 18,4%, conforme o Indicador Esalq/BM&FBovespa.
O preço atual do bezerro caiu para R$ 1.093,11, em comparação com R$ 1.338,82 em junho de 2016. Essa foi a redução mais expressiva nesse período desde o início da série do Cepea, em 2000.
A intensa redução de preços no pasto não foi registrada no mercado atacadista de carne com osso, segundo Crespolini. O valor da carcaça casada de boi recuou apenas 1,02% no período.
"No primeiro semestre deste ano, o preço da arroba de boi gordo caiu 13,68%, o do bezerro, 12,38%, e o da carcaça casada, 5,48%", afirmou a pesquisadora.
A forte desaceleração dos preços ocorreu porque os investimentos realizados por pecuaristas resultaram em ganhos de produtividade e disponibilidade maior de fêmeas para abate.
Esse cenário e a demanda, ainda sem fôlego para absorver o excedente produzido, pressionaram as cotações já no início do ano.
Além disso, a Operação Carne Fraca e os reflexos da delação premiada da JBS fizeram que a principal indústria do setor reduzisse o volume de abates.
Isso dificultou a comercialização do gado, o que também se deve ao fato de o setor ser composto de uma grande quantidade de pecuaristas com pouca organização em comercialização conjunta e, ao mesmo tempo, o elo intermediário da cadeia, mais concentrado e organizado, ter administrado bem as compras, a ponto de não inundar o mercado atacadista, como explica Crespolini.
As exportações seriam um caminho, mas os problemas internos do setor prejudicam a imagem da cadeia produtiva no exterior.
Mercado mundial de carne bovina passa por grandes mudanças
Aconteceu de tudo nesse segundo trimestre do ano no mercado internacional de carne bovina.
O Brasil, maior exportador mundial, viu seu mercado virar de ponta-cabeça.
Operações da Polícia Federal, delação premiada dos donos da JBS e as porteiras fechadas nos Estados Unidos para a carne "in natura" do Brasil marcaram esse mercado.
Os Estados Unidos, maiores produtores mundial de carne bovina, voltam a se recuperar.
Os americanos estão com um rebanho maior, produzem mais e elevam as exportações.
Para assegurar esse bom desempenho, os Estados Unidos vão contar com uma ajudazinha da China. O país asiático, após 13 anos, abriu novamente as portas para a carne bovina americana.
Outra importante mudança no mercado vem da Índia, país que disputa com o Brasil a liderança nas exportações mundiais: o governo indiano impôs limitações ao abate de gado.
Estudo dos técnicos do Rabobank, banco especializado no agronegócio, indica que a China será o grande diferencial desse mercado.
A demanda cresce muito, e a oferta interna é insuficiente. Por esse motivo, o país asiático abriu o seu mercado para os brasileiros em 2015 e, agora, o libera para a carne americana.
Na avaliação do Rabobank, a China, que importou 15% do volume de carne que consome em 2016, vai buscar 20% em 2020. Serão 2 milhões de toneladas.
O Brasil, líder em exportações para a China, ainda manterá essa liderança nos próximos anos.
Os americanos vão ter de se adaptar a algumas exigências do mercado chinês, tais como rastreabilidade, quantidade de hormônio e uso de ractopamina para o crescimento e ganho de peso do animal.
A abertura da China vem em boa hora para os americanos. As exportações dos Estados Unidos nunca superaram 10% da produção de carne, o que acaba de acontecer no primeiro quadrimestre deste ano.
Os americanos são favorecidos ainda pela fraqueza das exportações brasileiras, que recuaram 10% de janeiro a maio, em relação a igual período do ano passado.
Austrália e Nova Zelândia, outros dois países importantes para o mercado internacional, estão com oferta menor de gado e preços elevados.
A produção australiana de carne bovina caiu 10% de janeiro a abril, em relação ao ano passado. Já os preços subiram 10% de janeiro a maio, segundo o Rabobank.
Nos Estados Unidos, a produção de carne aumentou 4% até maio; a exportação, 20%.
Fonte: Folha de S. Paulo
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