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APLICAÇÃO: Título de agronegócio pode ficar mais acessível aos investidores
Agropecuária | Publicada em 22/06/2017
Os títulos corporativos ligados ao setor agrícola caíram no gosto do investidor pela isenção do Imposto de Renda e pela escassez das já familiares Letras de Crédito Agrícola (LCA) no mercado. Esses papéis, chamados de CRA, hoje estão restritos a investidores qualificados, mas discussões em curso podem torná-los mais acessíveis – o que divide opiniões, uma vez que oferecem mais riscos.
Títulos privados - Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) são títulos privados de dívida emitidos por uma empresa para captar recursos no mercado. A maioria desses investimentos ainda está disponível somente para investidores que têm mais de R$ 1 milhão. No entanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está com uma audiência pública aberta até o dia 14 de julho que busca, entre outras propostas, delimitar os CRAs que podem ser adquiridos por investidores menores – bem como os critérios de proteção.
Mercado aquecido - Um dos motivos para o CRA ficar mais acessível é o mercado aquecido. Nos primeiros quatro meses de 2017, foram registrados mais de R$ 3 bilhões em CRAs na B3 (antiga BM&F Bovespa), elevando o estoque desses papéis para mais de R$ 20 bilhões – mais que o dobro dos R$ 9 bilhões verificados no mesmo período do ano passado.
Estrutura - Para André Lassance, chefe de Renda Fixa da XP, a abertura para os investidores em geral vai depender da estrutura de cada certificado. “Estamos analisando a consulta pública da CVM. A abertura poderia ocorrer sob determinadas características”, diz.
Fora da cadeia produtiva - A XP coordenou a oferta de CRA da empresa de fast-food Burguer King no ano passado. A decisão da CVM de permitir a oferta de uma empresa que não faz parte da cadeia produtiva do setor ajudou no aumento de emissões.
Risco - Myrian Lund, professora da FGV, explica que, apesar de a operação ter risco reduzido, já que a emissão tem garantia do grupo do qual a emissora faz parte, existe ainda o risco de mercado e o de liquidez, que exigem um investidor mais atento. “Quem tem R$ 1 milhão se preocupa mais sobre o destino do dinheiro. Já o pequeno investidor vai na onda.”
Sem cobertura - A principal diferença em relação às LCAs é não ter cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Michael Viriato, professor de Finanças do Insper, explica que o CRA pode não ser pago, por isso, não deveria representar uma parcela significativa do portfólio, “no melhor dos casos, 3%”.
Desconhecidos - Marcio Cardoso, da Easynvest, acredita que os CRAs são um bom ingrediente para a sopa de letras que compõe a carteira do investidor. “Se ele pode ter LCI, LCA e COE, porque não o CRA?” Cardoso lembra que esses investimentos até pouco tempo também eram desconhecidos.
Menos riscos - Os CRAs se destacam por ter menos risco que fundos multimercado, por exemplo, diz Maria Eugênia, da área de Private do Santander. Para ela, com a queda da taxa Selic os CRAs têm aparecido como boa alternativa.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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