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TRIGO: Cereal produzido em São Paulo ganha qualidade
Agropecuária | Publicada em 28/04/2017
Longe de ser uma referência na produção de trigo cultura própria de climas temperados, São Paulo tem se voltado ao cultivo de variedades do cereal de alta qualidade para abastecer as indústrias instaladas no Estado. Foi a saída que os agricultores encontraram para garantir demanda por seu produto em um período de sobreoferta dentro e fora do país.
Estratégia - A maior aposta em qualidade é parte de uma estratégia definida há cerca de três anos. O movimento levou à reativação da Câmara Setorial do Trigo paulista, e a seleção das variedades cultivadas no Estado se tornou mais rígida o número total passou de 50 para 15.
Qualidade - "Não eram necessárias tantas variedades e elas não atendiam à demanda da indústria. O que importa é ter melhor qualidade", afirma Christian Saigh, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), entidade que tem coordenado o trabalho com os agricultores.
Aumento da produção - O esforço também permitiu um aumento da produção paulista. Ainda que permaneça modesta, a colheita no Estado dobrou em três safras e alcançou 240 mil toneladas no ciclo 2015/16, conforme dados do Sindustrigo. A demanda para processamento em São Paulo chega a 1,8 milhão de toneladas.
Paraná - Historicamente, o trigo de melhor qualidade do país, ideal para a panificação, é cultivado no Paraná. Na média, "perde" apenas para o cereal semeado na Argentina e para o trigo da América do Norte, preferidos pelos moinhos de São Paulo. Além de atenderem a indústria de alimentos, os moinhos vendem farinhas ao segmento de panificação e ao comércio, destinos de cerca de metade das vendas.
Pé de igualdade - Para Saigh, com a melhora de qualidade registrada nos últimos anos, o trigo paulista já compete em pé de igualdade com o paranaense. E é economicamente mais vantajoso, uma vez que a distância das áreas produtoras em relação ao parque moageiro é menor.
ICMS - Além disso, o cereal paulista passou a ter uma vantagem tributária em relação ao paranaense. Desde março, o Paraná elevou de 2% para 8% a alíquota de ICMS sobre o produto que sai do Estado em direção a São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Relevância - Os produtores, entretanto, não encaram essa alteração tributária como relevante para a safra que começará a ser plantada neste mês. "Os moinhos ainda não repassaram essa vantagem para o nosso trigo, porque o preço está muito baixo", diz Almerindo Vidilli Junior, gerente comercial de cereais da Cooperativa Holambra, que reúne produtores da região de Avaré.
Diferença - Mas ele concorda que a medida poderá começar a fazer diferença a partir da próxima safra. Luiz Mariotto, gerente administrativo e financeiro da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, é mais pessimista. "O produtor do Paraná não tem muita opção para vender trigo. Para igualar o preço do trigo de São Paulo, ele vai compensar na negociação. E são só 8% [de alíquota], isso no preço final não faz diferença".
Liquidez - Mas a produção de um trigo de maior qualidade garante, no mínimo, liquidez, já que a baixa qualidade costuma causar a devolução de volumes consideráveis pelas indústrias. "Se tenho um trigo tipo 2 ou tipo 3 [menos nobre que o usado para panificação], muitas vezes a indústria nem quer. Aí tem que vender mais barato", afirma Mariotto.
Custo - É preciso realçar, também, que produzir trigo de qualidade superior custa mais caro. "Quanto mais você busca melhorias, maior a suscetibilidade a doenças, por exemplo. Tem produtor colhendo um cereal excelente, mas se chove a 30 quilômetros o trigo já fica com doença. Isso aumenta o custo", observa Vidilli Junior, da Cooperativa Holambra.
Fonte: Portal Paraná Cooperativo
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