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Maggi defende mais exportações e menor burocracia no agro
Agropecuária | Publicada em 04/07/2016
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, defendeu, nesta segunda-feira (4/7), a maior participação brasileira no mercado global de produtos agropecuários. Segundo ele, á possível, em cinco anos, passar dos atuais 7% para 10%, o que significaria “muito dinheiro” no caixa do Brasil.
Maggi ressaltou a diversificação da pauta de exportações da agropecuária brasileira, que coloca o país como líder em diversos produtos, como açúcar, café e suco de laranja. No entendo, destacou o potencial de mercado para as carnes produzidas no Brasil.
“Podemos aumentar mais as exportações de proteína animal. O aumento das exportações é a grande oportunidade que o Brasil tem para sair da crise”, afirmou, em palestra durante o Global Agribusiness Forum 2016 (GAF16), evento realizado pela consultoria Datagro, em São Paulo.
Do lado da demanda, Maggi destacou o Sudeste Asiático como o “futuro das exportações do agronegócio”. Ele mencionou que a região concentra 51% da população mundial e 19% do Produto Interno Bruto global. “Em 2030, eles terão 3 bilhões de habitantes ascendendo a um novo patamar de consumo”, salientou Maggi. Segundo ele, a região do Sudeste Asiático responde hoje por 28% do consumo global de aves, 20% de bovinos, 31% de lácteos e 37% de açúcar.
Menos burocracia
Blairo Maggi disse também que o governo está “sem dinheiro para inventar coisa nova” ao falar da ação relacionada ao setor agropecuário. No entanto, garantiu que o Ministério da Agricultura está trabalhando para atender às reivindicações do setor, no que depender apenas de ação política.
“Estamos conversando com os setores, limpando a pauta e fazendo com que as coisas aconteçam. Queremos um Ministério mais leve e onde as pessoas se sintam importantes dentro do processo”, afirmou.
Maggi reconheceu que o serviço público precisa ser menos burocrático. Segundo ele, existem normas criadas para uma determinada situação, e que hoje não são mais eficazes e precisam ser revistas. Para o ministro da Agricultura, há uma “cultura” no Brasil do servidor público “se sentir poderoso em dizer não”.
“O servidor público é mais importante quando ajuda a afastar os problemas. Uma das coisas que nos incomoda é a burocracia do serviço público”, disse.
Ambiente e terra
Blairo Maggi rebateu críticas à relação da agropecuária com a preservação ambiental no Brasil. Na avaliação do ministro da Agricultura, elas são fruto de um desconhecimento da atual situação do país.
Apresentado dados do próprio governo, Maggi destacou que o Brasil ainda tem 61% de sua vegetação nativa preservada. Desse total, 11% são áreas de preservação em propriedades rurais, 13% em terras indígenas, 17% em unidades de conservação e outros 20% em locais como terras devolutas. Já as propriedades rurais estão em 38,7% do território nacional.
“Qual é o país que faz isso? Nenhum país tem uma legislação tão dura nem produtores rurais que, em sua maioria, cumprem”, disse ele.
Maggi disse ainda que, quando for implantado o processo de regularização a partir do Cadastro Ambiental Rural (CAR) a área preservada nas propriedades rurais deve aumentar dos atuais 11% que citou para algo entre 17% e 18%. E reforçou o discurso de que é possível aumentar a produção sem desmatar.
“Quando falamos em dobrar o tamanho da nossa safra sem desmatar é porque podemos avançar sobre a área de pecuária sem diminuir o rebanho, fazendo com que vá na direção de reduzir o território dos bois. Essa dobrada entre agricultura e pecuária é fundamental”, disse ele.
Questão fundiária
Blairo Maggi disse também que “não entende” o motivo de haver conflito por terras no Brasil. E defendeu que o produtor rural seja compensado caso tenha que deixar sua propriedade rural em função, por exemplo, de um processo de demarcação de terras indígenas.
“As propriedades rurais são áreas de negócio. Podemos negociar o que tem que ser negociado, não ser expropriados e mandados embora simplesmente porque um antropólogo achou que os índios devem ficar lá”, disse ele.
O ministro da Agricultura defendeu ainda que seja acelerado o processo de emancipação dos agricultores que têm lotes em assentamentos da reforma agrária. Segundo ele, sem ter a documentação da sua terra, esse agricultor fica impedido de participar dos programas governamentais de apoio ao setor.
“Devemos correr e entregar o título para essas pessoas para que possam participar dos programas que vêm pela frente. Temos um estoque de terra pronto para ser incluído no processo produtivo. Isso vai ajudar o Brasil a sair da crise”, avaliou o ministro.
Dados do próprio governo, apresentados pelo ministro durante a palestra, mostram que existem atualmente 9.255 assentamentos da reforma agrária no Brasil. Esses locais somam mais de 88 milhões de hectares com pouco mais de 969 mil famílias instaladas.
Fonte: Globo Rural
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