Os futuros de açúcar demerara se mantêm acima dos 14,50 cents por libra-peso na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), mas analistas dizem que esse patamar tende a ser rompido no pregão de hoje. Isso porque o Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos, elevou a taxa de juros, o que deve impulsionar o dólar ante o real nesta quinta-feira.
A decisão foi comunicada perto do fechamento dos mercados, que acabaram por não refletir a alta dos Fed Funds, a primeira em quase uma década. A moeda norte-americana encerrou em R$ 3,9257 (+1,22%). Ao longo da sessão, porém, chegou a encostar nos R$ 4, provocando queda de mais de 1% nos contratos do demerara.
Outra informação pouco construtiva está relacionada à demanda, mesmo com os preços abaixo de 15 cents/lb. A Williams Brazil relatou que o total de navios que aguardavam para embarcar açúcar nos portos brasileiros diminuiu de 55 para 37 na semana encerrada ontem. O levantamento considera embarcações já ancoradas, aquelas que estão ao largo esperando atracação e também as que devem chegar até o dia 11 de janeiro. Foi agendado o carregamento de 1,097 milhão de toneladas de açúcar.
Dessa forma, com câmbio e demanda no radar, participantes não descartam novas perdas para os futuros. Pelos gráficos, os contratos podem buscar os 14,30 cents/lb, já respeitados ontem. Na sequência estão os psicológicos 14 cents/lb.
Nem tudo é baixista, porém. O mercado considera também uma nova projeção de déficit para a safra global 2015/16, desta vez da Capital Economics. A consultoria elevou sua estimativa de 3,5 milhões para 4,25 milhões de toneladas no ciclo iniciado em outubro, seguindo a mesma linha da Platts Kingsman, que na terça-feira aumentou sua previsão de déficit para 5,26 milhões de toneladas.
Além disso, a Associação das Usinas de Cana-de-Açúcar da Índia (Isma, na sigla em inglês) afirmou que será um "desafio" para as empresas do país atingir a meta de exportação de 4 milhões de toneladas. A declaração foi interpretada como um sinal de que a nação asiática pode embarcar menos que o estipulado, o que é construtivo para os futuros.
Ontem, março fechou estável, em 14,59 cents/lb, com máxima de 14,65 cents/lb (mais 6 pontos) e mínima de 14,33 cents/lb (menos 27 pontos). Maio avançou 4 pontos (0,28%) e terminou em 14,28 cents/lb. O spread março/maio variou de 35 para 31 pontos de prêmio para o primeiro contrato da tela.


O Indicador de Açúcar calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) encerrou a quarta-feira em R$ 81,38/saca, alta de 0,42% ante a véspera. Em dólar, o índice ficou em US$ 20,75/saca (-0,62%).

Fonte: Agência Estado