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Caminhoneiros fazem convocação para ampliar manifestações
Agropecuária | Publicada em 13/11/2015
O Comando Nacional do Transporte (CNT), grupo de caminhoneiros que tem feito bloqueios nas estradas desde a última segunda-feira (9/11) divulgou nota em sua página no Facebook convocando os motoristas a intensificarem as manifestações em função da negativa do governo em negociar. O texto, acompanhado por um vídeo, diz que as paralisações não acabaram e pede que os manifestantes tragam máquinas agrícolas, além de caminhões, para os pontos de bloqueio.
"Não houve acordo algum com o governo, vamos retomar com toda força, as multas são inconstitucionais", diz o texto. "Temos assessoria jurídica gratuita para quem por ventura for multado. Não se muda a constituição de um dia para outro", afirma o texto.
Em outra nota, o grupo classifica a Medida Provisória 699, que aumenta a punição para quem bloquear rodovias, como cruel. Diz ainda que políticos estão gravando vídeos "convocando o povo para a democracia". A página no Facebook diz que o CNT é apoiado por Irmãos Caminhoneiros do Brasil e pelos deputados Gerônimo Goergen (PP-RS), Jair Bolsonaro (PP-RJ), além dos senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Álvaro Dias (PSDB-PR) - todos eles de oposição ao governo.
Nesta quarta-feira (11/11) um dos líderes do grupo, Ivar Schmidt, esteve reunido com o deputado Bolsonaro no Congresso. A Comissão de Agricultura da Câmara deu início na manhã desta quinta-feira (12/11), à reunião para convocar os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Ministro da Justiça) a prestar esclarecimentos sobre as punições que têm sido aplicadas aos manifestantes. Parlamentares do governo tentar impedir a convocação dos ministros.
Leite no Sul
Embora tenham perdido força nesta quarta-feira (11/11), as manifestações de caminhoneiros ainda preocupam o setor lácteo. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS), Alexandre Guerra, no momento o problema não é captar o leite cru das propriedades rurais, mas encontrar motoristas dispostos a levar o produto já industrializado para fora do Estado.
"Estamos com dificuldade de conseguir caminhões porque muitos profissionais não saíram de casa temendo vandalismo, ações de depredação, principalmente à noite. Quem não aderiu à greve tem medo de represálias", explicou.
Mobilizados pelo Comando Nacional do Transporte (CNT), os grevistas começaram a protestar na última segunda-feira (9/11) pedindo melhores condições de trabalho e exigindo a saída da presidente Dilma Rousseff. Por enquanto, de acordo com Guerra, a situação não chega a configurar prejuízo. "Estamos entregando (a mercadoria) um ou dois dias depois. Não é desabastecimento. Temos que esperar mais para ter uma ideia melhor", falou, acrescentando que a ação do governo federal para inibir os bloqueios contribuiu para que o impacto da mobilização seja menor.
O governo endureceu as punições para o caso de interdição de vias. Os novos valores das multas foram definidos na terça-feira pelo Ministério da Justiça e publicados na edição desta quarta no Diário Oficial da União. A multa para o veículo que bloquear estradas passou de R$ 1.915 para R$ 5.746, podendo chegar a R$ 19.154 para os organizadores da mobilização. Os protestos nas rodovias perderam intensidade em todo o País.
Guerra lembrou que, na greve dos caminhoneiros ocorrida no início deste ano, as empresas associadas ao Sindilat-RS deixaram de receber 15 milhões de litros de leite para industrialização, pois não era possível captar o produto nas propriedades ou mesmo nos postos de resfriamento. Por ser perecível, boa parte deste leite cru estragou e foi descartado.
Desta vez, segundo ele, as indústrias lácteas no Rio Grande do Sul vêm conseguindo dar continuidade à captação do leite. "Nos últimos dias nós pudemos operacionalizar usando rotas alternativas e negociando para passar. Mas também é verdade que o movimento (grevista) não tem a mesma força que o anterior", avaliou.
Exportações
A greve dos caminhoneiros já causa impacto nas exportações de aves e suínos, diz a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Empresas relatam que caminhões ficaram parados em alguns pontos de bloqueio pelo País e a liberação, após algumas horas, impede que a carga seja entregue no porto no horário previsto. Esse atraso está causando transtornos. Conforme a ABPA, são poucos os relatos de carga retida de ração e de animais vivos. Os pontos mais sensíveis estão nos portos, disse a entidade à Agência Estado.
"Entretanto, conforme informações também de nossos associados, é notada uma diminuição no movimento grevista", destacou. A entidade enfatiza que as liminares obtidas contra os bloqueios da greve dos caminhoneiros ocorrida em fevereiro deste ano pela ABPA continuam valendo.
A ABPA reúne 139 associados entre agroindústrias produtoras e processadoras de carne de aves, suínos e ovos para consumo, além de entidades estaduais e setoriais dos vários elos produtivos. Juntas, as cadeiras produtivas representam mais de R$ 80 bilhões de Produto Interno Bruto (PIB) e US$ 10 bilhões em exportações, diz a entidade no comunicado.
Fonte: Estadão Conteúdo
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