Agropecuária | Publicada em 21/05/2015
A safra de robusta (conilon) do Espírito Santo, principal Estado produtor, deve apresentar queda de cerca de 20% neste ano, em comparação com 2014, para aproximadamente 10 milhões de sacas de 60 quilos. A informação é do superintendente do Centro de Desenvolvimento e Tecnologia de Café do Espírito Santo (Cetcaf), Frederico Daher.
Segundo ele, a queda é decorrência basicamente da estiagem e das altíssimas temperaturas entre dezembro de 2014 e janeiro deste ano, que prejudicaram as lavouras. "Cerca de 52% da safra de conilon é irrigada, mas mesmo assim não foi possível manter a produção", comentou, durante o 6º Fórum Coffee & Dinner, realizado nesta terça-feira (19/5) em São Paulo. Conforme Daher, a redução da produção deve ter reflexo nos preços desse tipo de café. "O diferencial de preço entre o conilon e o arábica deve reduzir", avaliou.
Retorno ao produtor
O retorno dos produtores mundiais de café robusta, em relação aos custos de produção, tem sido satisfatório nos últimos anos. Na safra 2014/2015, foi superior a 60% e deve crescer para mais de 80% na safra 2015/2016. Em 2016/2017, "o retorno ainda será satisfatório, mas inferior ao período de 2015/2016", informou o diretor Comercial de Café da Louis Dreyfus Commodities Brasil (LDC), Octávio Pires.
Com boa remuneração, os cafeicultores devem continuar investindo no robusta, inclusive em países fora do tripé Vietnã, Indonésia e Brasil, os principais produtores globais. Com relação à exportação de robusta, Pires citou que o Vietnã diminuiu seus embarques nos últimos anos, enquanto Indonésia e Brasil têm aumentado participação nesse segmento. O diretor comentou, ainda, que o café robusta brasileiro (conilon) atualmente representa a maior parte do estoque certificado na Bolsa de Londres. "Em 2013, praticamente não havia café robusta brasileiro em estoque na Bolsa de Londres", disse ele, salientando que o estoque em bolsa contribui para maior transparência do mercado e visualização da oferta global.
Grãos especiais e cápsulas
O presidente da 3Corações Alimentos, Pedro Limas, disse nesta terça que o consumo de café de qualidade e em cápsulas são duas tendências no País. "Atualmente são nichos de mercado (grãos de qualidade e cápsulas), mas que vêm puxando o segmento tradicional", informou ele. A 3Corações está entre as 3 principais marcas de café em cápsulas do mercado nacional, cujo consumo por meio desse sistema (mono dose em máquinas) tem elevado potencial de crescimento.
Hoje apenas 1,7% das cerca de 20,3 milhões de sacas de café consumidas no Brasil são por meio de cápsulas. Pedro Lima ressaltou que o projeto de uma fábrica de café em cápsula está em pleno desenvolvimento em Montes Claros (MG), cujas obras devem se iniciar no segundo semestre deste ano. "Já temos o terreno, e o desembaraço ambiental está sendo feito", comentou.
A unidade deve começar a produção no segundo semestre do ano que vem, com a produção de cerca de 10 milhões de cápsulas por mês. A empresa investiu cerca de R$ 45 milhões na nova fábrica, que deve, futuramente, dobrar a produção, com outro aporte de mais R$ 45 milhões.
Com relação aos cafés de qualidade, ou gourmet, Lima comentou que pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) mostra que o produto ainda é pouco conhecido pelos brasileiros. "O Brasil consome 40% da safra que colhe, mas o consumidor quer mais qualidade", observou.
O presidente da 3Corações disse, ainda, que não tem grande preocupação com a oferta de café no Brasil. "Uma oferta 2 milhões de sacas, ou 3 milhões de sacas, para mais ou menos, não nos preocupa", disse. "Se tivermos de subir (os preços), vamos subir", acrescentou. Pedro Lima comentou que acredita que os preços do café tendem a ficar estáveis, num nível "saudável". "Vamos ver como vai ser a colheita", disse.
A torrefadora 3Corações faturou cerca de R$ 2,7 bilhões em 2014, operando oito fábricas de café, que processaram 143 milhões de kg do grão, ante 135 milhões de kg em 2013. "Perto de 70% do nosso café é de cooperativas e de exportadores e 30% de produtores", informou. Lima disse que a empresa está atenta a oportunidades no mercado de torrefação, já que "o setor passa por consolidação". "Estamos sempre de olho em oportunidades", concluiu.
Fonte: Estadão Conteúdo
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