Agropecuária | Publicada em 13/05/2015
Açaizal bem-manejado garante mais renda para o produtor e preserva a diversidade da floresta. O duplo benefício é obtido quando se aplica a técnica conhecida como Manejo de mínimo impacto de açaizais nativos, desenvolvida pela Embrapa a partir do saber local e aplicada por produtores das florestas de várzeas do estuário amazônico (Amapá e Pará). Por meio da técnica, agricultores são capazes de passar de um patamar de produção de 20 a 30 sacas em média por hectare para até 100 sacas. O impacto positivo mais relevante dessa tecnologia talvez não seja este, mas a geração de emprego local. O manejo ocupa a força de trabalho familiar e, em alguns casos, a contratação de mão de obra disponível na própria comunidade, a fim de atender a demanda de aumento da produtividade do açaizal.
O manejo de mínimo impacto foi desenvolvido com base em levantamentos realizados por pesquisadores em açaizais nativos manejados pelos produtores e em experimentos e módulos de manejo estabelecidos em diversos tipos de açaizais. É utilizado desde 2002 por produtores de açaí do estuário amazônico.
Desenvolvida a partir do conhecimento dos extrativistas e da equipe técnica da Embrapa Amapá, a tecnologia é baseada no princípio da combinação adequada de açaizeiros e outras espécies florestais. "Uma boa distribuição das árvores no açaizal garante uma boa produção de frutos, melhora a qualidade e o rendimento de polpa e reduz o trabalho de limpeza do açaizal", afirma o pesquisador da Embrapa, Silas Mochiutti, doutor em Ciências Florestais.
De acordo com uma avaliação da Embrapa sobre os impactos decorrentes do uso dessa tecnologia, enquanto os açaizais não manejados rendem uma produção anual média de 20 a 30 sacas de quatro rasas de açaí/hectare (cerca de 52 quilos), nas áreas onde são adotadas a tecnologia de mínimo impacto, esse número sobe para uma produção anual de 70 a 100 sacas com características iguais. O mesmo estudo mostrou que, no indicador da oportunidade de emprego local qualificado, o impacto positivo atingiu a escala de 7,5 na tabela da metodologia Sistema de Avaliação de Impacto da Inovação Tecnológica (Ambitec). "Devido ao aumento da produtividade, a tecnologia ao longo do tempo produziu mais renda no estabelecimento. O resultado imediato foi a ampliação de ocupação da força de trabalho familiar e a renda obtida já é capaz de satisfazer o projeto de vida de outros membros da família", destacam os analistas Joffre Kouri e Walter Paixão, autores do trabalho.
Maior renda ao produtor
Foi constatado ainda que a adoção do manejo de mínimo impacto provocou mudanças na renda do produtor. Foram analisados três indicadores: geração de renda, diversidade de fontes de renda e valor da propriedade. A inovação tecnológica trouxe melhorias na renda do produtor, com aumento na segurança e montante recebido. Os coeficientes de impacto desses indicadores foram iguais a 10,4, 3,6 e 4,3 , respectivamente, segundo aponta o relatório. A avaliação dos impactos gerados pela tecnologia do manejo de mínimo impacto de açaizais nativos concentrou-se nos aspectos do emprego, renda, saúde, gestão e administração. O relatório completo está aqui. Nessa amostragem foram consultados oito produtores ribeirinhos dos municípios amapaenses de Macapá, Santana e Mazagão.
Fonte: Embrapa Amapá
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