Agropecuária | Publicada em 27/01/2015
A expectativa de um forte reajuste de tarifas e de preços controlados pelo governo elevou as projeções de inflação para 2015 a um nível que não se via desde 2003. A previsão para o IPCA (índice de preços ao consumidor) chegou a 6,99%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central desta segunda (26). Quatro semanas antes, os economistas consultados esperavam alta de 6,53% para os preços, resultado bem próximo do limite de 6,50%. A expectativa é a pior desde janeiro de 2003, quando a projeção para o IPCA do ano estava em 11,45%. O resultado foi uma inflação de 9,30%. Na época, início do governo Lula, o Brasil vivia um momento de forte ajuste nas contas públicas e de alta de juros para tentar derrubar a inflação, como ocorre hoje. As projeções no começo daquele ano eram influenciadas pelo IPCA de 2002 (12,5%), pela alta de tarifas e pela desvalorização do real, resultado das incertezas relacionadas à eleição de Lula. Havia ainda a desconfiança em relação ao compromisso do governo com o combate à alta de preços. O atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fazia parte daquela equipe econômica, como secretário do Tesouro. Os resultados daquela política começaram a aparecer em 2005, o que contribuiu para a reeleição de Lula. O IPCA chegou a 3,14% em 2006, menor valor da história recente. Em janeiro de 2015, o principal fator para a piora de expectativas está nos chamados preços administrados. A projeção de alta passou, nas últimas quatro semanas, de 7,8% para 8,7%. O Ministério da Fazenda anunciou na semana passada a volta dos tributos sobre os combustíveis, que serão repassados ao consumidor. Também foi definido neste mês que haverá reajuste extraordinário na conta de luz --o valor está sendo calculado. Sobre a tarifa pesará ainda o regime de bandeiras tarifárias, repasse automático de gastos com termelétricas. Ao mesmo tempo em que sobem as projeções para os preços em 2015, caem as estimativas para os próximos anos. Para 2016, por exemplo, elas passaram de 5,7% para 5,6% em quatro semanas. Para 2018, de 5,5% para 5,0%. Na semana passada, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, citou a queda nas projeções de 2016 a 2019 e afirmou que "política fiscal mais apertada ajuda a colocar a inflação no centro da meta", 4,5%, objetivo que ele espera alcançar em 2016. Na quarta (21), o BC subiu os juros para 12,25% ao ano, terceira alta desde outubro. A nova pesquisa Focus mostra ainda que as projeções para variação do PIB estão em 0,10% (2014), 0,13% (2015) e 1,54% (2016). Fonte: Folha de S. Paulo
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