Agropecuária | Publicada em 15/10/2014
A cana-de-açúcar é uma biomassa que pode ser transformada em energia aproveitável através de processos industriais, que na sua maioria, já são dominados e conhecidos e apresentam alto índice de aproveitamento dos subprodutos e, relativo baixo impacto ambiental, o que a torna uma solução energética sustentável. A Coopercitrus e as empresas parceiras Basf, DuPont, FMC, Nortox, Syngenta e Valtra, apresentaram no dia 08 de outubro, na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, o “Seminário Coopercitrus sobre palha de cana-de-açúcar” que teve o intuito de apresentar aos mais de 300 produtores rurais, representantes de usinas e fornecedores de cana, sobre a versatilidade no uso da palhada (subproduto que fica sobre o solo após a colheita mecanizada da cana-de-açúcar). “É uma grande satisfação estarmos apresentando esse seminário Coopercitrus sobre palha de cana de açúcar. Hoje, nós estamos com uma inovação que é para agregar receita ao fornecedor, nós estamos visando não só o problema ambiental, energético, como também, a viabilidade dos pequenos e médios produtores e eu posso adiantar que a Coopercitrus já desenvolve um projeto prático neste sentido”, explica José Vicente da Silva, diretor presidente da Coopercitrus.
Como explicou a engenheira agrônoma da EMBRAPA Jaguariúna, SP, Dra. Nilza Patrícia Ramos, em sua palestra “Manejo da palhada e efeitos sobre a ciclagem de nutrientes e produtividade do canavial”, é o produtor rural quem gerencia seu negócio e toma a decisão sobre deixar mais ou menos palha em sua área produtiva. “O gerenciamento, a decisão de retirar ou não a palha, depende muito do produtor. Agora, a manutenção de uma parte desse resíduo, em minha opinião, deveria ser correspondente aos ponteiros e folhas verdes, pois tendem a trazer muitos benefícios de médio e longo prazo. Se na área plantada tiver palha demais, pode acontecer uma seleção de plantas daninhas, que são mais resistentes à palha e tenha que ser controlada por herbicidas. Um dos estudos que fizemos na entidade tivemos uma seleção de capim grama seda e tiririca em maior quantidade quando a quantidade de palha era maior. Então, com isso, vai ter uma modificação da população de plantas daninhas. Em contrapartida, onde tem mais seca, mantém mais umidade deixando a palha sobre o solo, tanto é que a velocidade de decomposição é maior quando se tem mais palha, porque ela mantém aquela umidade e toda aquela massa microbiana que atua no processo de decomposição, ela vai estar mais ativa na condição de umidade e temperatura alta”, explica.
Além de proteger o solo do impacto solar direto e mantê-lo úmido e saudável, as palhas estão sendo vistas como nova fonte de renda. A Enfardadeira Challenger foi a máquina apresentada pelo agrônomo da AGCO Brasil, Marcelo Puppin, para realizar a operação de retirada e enfardamento de palha. Segundo ele, o implemento pode ser acoplado em um trator modelo Valtra BT e possui controle da quantidade de palha que o produtor deseja retirar do solo, transformando em fardos de 90 x 1,20m.
Na última palestra “Manejo de palha de cana-de-açúcar para utilização como biomassa”, o engenheiro agrônomo e produtor rural Luiz Carlos Dalben do grupo Agrícola Rio Claro, de Lençóis Paulistas, SP, mostrou aos produtores presentes o exemplo de enfardamento de palha que realiza em suas propriedades, que extraem 550 mil toneladas de cana por safra. “A usina Barra Grande, que é onde fornecemos a cana, trabalha com biodiversidade há muitos anos. Então, ela sempre teve o interesse em recolher a palha para utilizar em um período maior de produção de eletricidade pós-safra. Recolhemos em torno de 50% da palha, o equivalente mais ou menos a 6 toneladas. É um produto que agrega valor. Os equipamentos são caros, não é uma operação fácil como parece e o empecilho é que os equipamentos são importados e o custo de manutenção ainda é algo que estamos trabalhando para ver se melhora, mas conseguimos uma certa lucratividade com o recolhimento da palha”, explica.
No final do evento foi aberto um debate entre palestrantes e produtores rurais, para que pudessem esclarecer dúvidas e fornecer soluções de manejo.
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