Agropecuária | Publicada em 09/09/2020
Com custos operacionais já 5% mais altos registrados para o futuro plantio da safra 2020/2021, os produtores gaúchos têm no travamento de preços e nos contratos futuros o melhor caminho para garantir a lucratividade da próxima colheita. De acordo com Ruy da Silveira Neto, economista da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), a elevação nos custos é generalizada. Para o plantio do milho, alcança 2% extras, e no arroz, 4%. No caso da soja, há produtores não apenas fechando contratos futuros para a colheita 2020/2021 como também já negociando a safra 2021/2022. E garantir uma proteção à alta dos preços nos insumos é cada vez mais necessário. “Podemos ter uma elevação ainda maior desses custos caso seja aprovada a Reforma Tributária como foi apresentada pelo governo gaúcho, porque há aumento de carga para os fertilizantes”, alerta o economista. Em apresentação realizada na manhã desta quinta-feira (3) pela entidade, denominada Campo Futuro, Silveira também coloca que a safra 2020/2021 poderá ser marcada por um verão novamente mais quente que a média. Um cenário que deixa em alerta agricultores de todo o Estado, já prejudicados em grande parte pela estiagem deste ano. A falta de chuva implicou perdas significativas de produtividade na soja e no milho, em em outras culturas, e consumiu boa parte dos ganhos que seriam obtidos com a expansão atual dos preços das commodities. A estiagem causou danos significativos inclusive nas áreas irrigadas, e em um volume considerável, aponta o estudo da Farsul. Na soja, em dados coletados a partir de Cruz Alta, a produtividade mesmo em lavouras que adotaram a tecnologia caiu de 80 sacas no ciclo 2018/2019 para 63 na safra 2019/2020. Acima inclusive do milho, com queda de 220 sacas para 180 no mesmo período, com retração de 18%. Os bons preços atuais, ressalta o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, porém, não significa necessariamente renda direta no bolso do produtor. A salvo ele faça agora negociações para o próximo ciclo aproveitando essas cotações para travar preços. Apesar de as cotações da soja registrarem patamares históricos, na casa dos R$ 130,00 a saca, a maior parte da venda da colheita de 2020 ficou em patamares bem inferiores, pondera Luz. Da mesma forma como ocorre no arroz, um dos destaques deste ano em preços e produtividade. “A maior pare dos grãos não está mais nas mãos dos produtores. O arroz, por exemplo, já foi todo vendido, em um preço excelente (em média de R$ 55) mas não nos patamares atuais, de R$ 100. Esse preço mostra, na verdade, a escassez do grão no momento”, explica Luz. Perdas e ganhos no atual ciclo do cultivo de grãos O arroz apresentou seu melhor resultado histórico reflexo de uma melhora de rendimento e preço recorde. Entretanto a cultura sofreu longos períodos de margens negativas e dificuldades para remunerar os seus investimentos. Assim, 2020 é apontado pela Farsul como um ano chave para os agricultores poderem recuperar o seu caixa. A produtividade foi bastante afetada na soja e no milho sequeiro, e se não fosse a boa conjuntura atual de preços, as margem brutas de lucros dos produtores no RS teriam sido piores que os observados nos levantamentos atuais e do ciclo passado. Com o dólar elevado e uma Inflação no Custo de Produção de 4,14% no acumulado em 12 meses (IICP/Julho), a tendência e que o Custo de Produção da Safra 2020/2021 seja a maior da história no Estado. Fonte: JORNAL DO COMÉRCIO
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