Agropecuária | Publicada em 05/11/2019
Belo
Horizonte (29/10/2019) – Medidas preventivas. Essa é a melhor maneira
para os citricultores protegerem seus pomares da doença Huanglongbing
(HLB), mais conhecida como greening. Originária da Ásia, a praga não tem
cura e, desde que foi identificada no Brasil, em 2004, gerou prejuízos
de milhões aos produtores. Para combatê-la, a Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e o Instituto
Mineiro de Agropecuária (IMA), órgãos vinculados à Secretaria de Estado
de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), têm desenvolvido ações
e programas, com o objetivo de alertar os produtores sobre os riscos.
Minas
Gerais é o segundo maior produtor de citros do Brasil. São 55 mil
hectares de área plantada e uma produção média de 1,1 milhão de
toneladas por safra. No entanto, o greening, doença transmitida pelo
inseto Diaphorina citri ou por enxertia, vem preocupando os
citricultores. Nas plantas contaminadas, ocorrem deformação, maturação
irregular, redução e queda das frutas.
“Estamos com um grande
problema fitossanitário com o avanço do greening, doença extremamente
agressiva, sem controle efetivo até o momento e já considerada endêmica
no estado”, diz coordenador estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny
Sanábio.
Segundo dados oficiais do IMA, já foram erradicadas no
estado 462 mil plantas sintomáticas com greening, desde 2005. “Entre
2017 e 2018, estima-se que o prejuízo causado pela doença seja de cerca
de R$ 42 milhões, considerando a perda da produção do ano”, afirma o
engenheiro agrônomo da Gerência de Defesa Sanitária Vegetal do IMA,
Leonardo do Carmo.
Municípios mineiros
O
greening foi detectado oficialmente em 58 municípios mineiros. “Essa
situação tende a se agravar com muita rapidez devido à severidade da
doença, colocando em risco esse importante setor do agronegócio
mineiro”, diz Sanábio.
Considerada uma das mais severas e
destrutivas pragas que podem acometer as plantações de citros em todo o
mundo, o greening prejudica o desenvolvimento das plantas e provoca a
consequente perda na produção de frutos.
A doença foi
identificada em Belo Vale, na região Central mineira, em 2017.
Levantamento feito pelo IMA, referente a 2018, aponta que 7.561 plantas
do município foram erradicadas por causa do greening. Só no primeiro
semestre de 2019, foram cerca de 4 mil plantas erradicadas na região.
Algumas ações estão sendo desenvolvidas no município para o combate à doença. Entre elas mobilização e orientação dos produtores, capacitação de produtores e técnicos, distribuição de armadilhas adesivas e implantação do Programa Municipal de Diversificação da Fruticultura.
Câmara Técnica
Desde
de 2015 sem se reunir, a Câmara Técnica Estadual de Fruticultura
retomou os trabalhos no último mês. Como parte da pauta foi discutido o
impacto do greening no estado. O grupo é formado por representantes da
sociedade civil, técnicos e especialistas de instituições públicas e
privadas ligadas ao setor, como a Emater-MG e o IMA. Entre as sugestões
de combate à doença estão o aumento do contingente de técnicos do IMA
para atuar no levantamento e fiscalização; viabilização financeira de
ações emergenciais de fiscalização do IMA nos principais polos
citrícolas do estado; agilidade na liberação de recursos destinados à
pesquisa; fomento ao mapeamento/georreferenciamento do parque citrícola
dos municípios mineiros; e divulgação massiva do risco de contaminação
da doença.
Para o subsecretário de Agricultura Familiar e
Desenvolvimento Sustentável da Seapa, Amarildo Kalil, algumas das
reivindicações têm possibilidade de execução em curto prazo. “Como não é
mais possível evitar a chegada da doença no estado, o importante é
estarmos preparados para enfrentá-la. O IMA e a Emater-MG têm
desenvolvido ações para proteger a cultura em Minas, e vamos iniciar um
trabalho de pesquisa por meio da Epamig”, descreve.
Ações
Desde
de 2017, o governo estadual, por meio do IMA, desenvolve o Programa
Mineiro de Controle do Greening. O objetivo é alertar e dar suporte aos
produtores de citros para o combate e manejo correto da praga.
O
programa conta com diversas ações. Entre elas, a mobilização e
orientação de técnicos, professores, estudantes, autoridades, lideranças
locais e regionais. Também foram distribuídas cerca de 98 mil
armadilhas adesivas nos municípios de Brumadinho, Piedade dos Gerais,
Moeda, Belo Vale e Campanha. Em cor amarela, elas foram colocadas nos
pomares de forma a atrair os insetos transmissores, que colam no adesivo
e morrem.
Outra ação foi o treinamento dos “pragueiros”, como
são chamadas as pessoas que identificam os insetos a olho nu ou com
lupa. Essas pessoas serão multiplicadoras da técnica de reconhecimento,
iniciativa que contribui para o combate à praga.
Além disso, são
realizadas ações de orientação e sensibilização dos produtores para
estabelecimento de medidas de controle envolvendo o planejamento do
plantio e a renovação dos pomares, aliado à aquisição e plantio de mudas
sadias e da apresentação de relatórios semestrais de acompanhamento ao
IMA.
Segundo o engenheiro agrônomo do IMA Leonardo do Carmo, para
o controle da pior praga da citricultura, é indispensável o manejo
regional, monitorando o vetor e realizando as erradicações tão logo
forem identificadas plantas contaminadas. “Entretanto, a não realização
das vistorias dos pomares de citros em propriedades de regiões onde o
risco da doença é iminente traz complicações devido à fonte de inóculo
ficar por tempo maior na propriedade, ocasionando problema para toda
citricultura mineira”.
Extensão Rural
A
Emater-MG tem buscado orientar os produtores sobre os riscos da doença e
as formas de prevenção. Entre as orientações da empresa aos produtores
estão: plantar ou renovar pomares com planejamento, plantar mudas de
viveiros protegidos, adotar práticas para antecipar a produção e ter
alta produtividade, inspecionar os pomares frequentemente, eliminar
todas as plantas com sintomas da doença e promover o controle biológico.
Certificação
Outra
ação para prevenir doenças agropecuárias no estado é o estímulo à
certificação dos alimentos e produtos. Um exemplo é o programa de
Certificação de Produtos Agropecuários e Agroindustriais de Minas Gerais
(Certifica Minas), coordenado e executado pela Seapa e suas empresas
vinculadas.
“A iniciativa tem como finalidade assegurar a
qualidade dos produtos agropecuários e agroindustriais produzidos no
estado e a sustentabilidade de seus sistemas de produção, proporcionando
maior competitividade e favorecendo sua inserção nos mercados nacional e
internacional”, relata Andréa Stancioli, assessora técnica da Seapa.
A
adesão ao programa é voluntária. O interessado deve possuir inscrição
estadual em Minas Gerais, requerer ao IMA a adesão ao produto/segmento
de seu interesse e assinar o contrato. O produtor deve, também, permitir
o acesso dos técnicos da Emater-MG ou de profissional credenciado para
orientações e dos auditores para a realização de auditorias nos
empreendimentos inscritos no Certifica Minas.
O selo de
certificação tem a validade de um ano, podendo ser revalidado de acordo
com o interesse do produtor, após novas auditorias do órgão
certificador.
Atualmente, o Certifica Minas abrange 11 produtos: algodão, azeite, cachaça, café, carne bovina, frango caipira, frutas, leite, orgânicos, queijos artesanais de minas e produtos sem agrotóxico.
De acordo com Andréa, uma das medidas oficiais de controle do greening é a produção de mudas sadias em viveiros registrados. “Para obter a certificação, um dos itens obrigatórios é a apresentação pelo produtor da nota fiscal, do termo de conformidade ou Certificado e Permissão de Trânsito Vegetal (PTV). Dessa maneira, é possível verificar e rastrear a origem da muda e sua forma de produção, garantindo a sanidade do pomar”, explica.
Fonte: Emater-MG
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